sábado, 15 de outubro de 2011

Palavras do Comandante/CBMERJ




MENSAGEM AOS MILITARES DO CBMERJ

Sáb, 15 de Outubro de 2011 11:15
Prezados companheiros do CBMERJ,

Tenho vivido intensamente os últimos quatro meses no dia a dia de nossa Corporação. Na condição de CMT Geral, tenho sido comedido ao manifestar minhas posições. Entretanto, os últimos acontecimentos me forçam a me dirigir a tropa para expressar o meu pensamento.

Inicialmente, cumpre-me esclarecer que reconheço a questão salarial como um fator de descontentamento em nossa instituição. Esse é um problema antigo, que vivenciei pessoalmente nos anos de 1980 e 1988. De lá para cá, pouca coisa mudou. Ao longo dos anos, governo a governo, acumulamos uma defasagem salarial que nos deixa hoje diante de uma difícil realidade: para alcançarmos uma condição satisfatória, temos que compor um programa de recuperação salarial que não se implementará em curto prazo. É importante mencionar que nenhum dos governos anteriores, desde 1973, data em que fomos desvinculados do Código de Vencimento dos Militares, está isento de responsabilidade. Todos, sem exceção, contribuíram para esse estado de coisas, que se agravou no passado recente com a falsa expectativa de votação favorável da PEC 300.

Por essa razão, não podemos simplesmente, como num passe de mágica, desconsiderarmos o passado, como se fosse possivel vivermos uma espécie de presente contínuo sem qualquer relação com o passado público da época em que vivemos.

Sendo assim, é covardia, é indigno, subestima a nossa inteligência, sermos manipulados politicamente por pessoas que não têm absolutamente nenhum compromisso com o futuro de nossa Corporação.

O nosso futuro cabe a nós construirmos. Ninguém fará por nós o que é nosso legítimo dever.

Caminhar ao sabor das circunstâncias políticas - que ora nos acusam de milicianos, propõem a perda de nosso porte de arma, e, absurdo dos absurdos, sugerem a nossa desmilitarização - configura uma situação de perigosa fragilidade institucional, na medida em que, no momento seguinte dessa ciranda de interesses eleitorais, aqueles que antes nos desqualificavam agora são legitimados como nossos lídimos defensores. Não o são, por uma inequívoca razão: são desprovidos de autoridade moral para falar em nome de nosso sagrado Corpo de Bombeiros.

É absolutamente necessário que todos saibam que uma série de ações de comando estão em andamento para melhoria de nossas condições. Esse é um dever de ofício, uma responsabilidade que não delego. Eu sou o representante legal da Corporação. Não abro mão dessa prerrogativa, nem para o mais bem intencionado dos Bombeiros Militares, muito menos para correntes políticas de ocasião.

Aos políticos, todos, com e sem mandato, pedimos respeito aos valores e tradições desta casa de homens de bem. O Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro pertence a cada um de nós Bombeiros Militares que vivemos o dia a dia de nossas dificuldades. Cabe exclusivamente a nós definirmos o caminho a seguir, em estrita obediência aos preceitos da legitimidade e, sobretudo, da legalidade.

Caríssimos Companheiros,

É absolutamente necessária a manutenção de um ambiente de cooperação, o espírito de corpo que historicamente nos distingue e que nos possibilite unificar os nossos esforços de forma disciplinada como uma organização militar que se orgulha de si mesma. Definitivamente, demonstrações públicas de indisciplina não contribuem em nada para o nosso processo de fortalecimento institucional.

Propor agressões continuadas ao Governador de Estado e ao Prefeito da Cidade, utilizando-nos como massa de manobra política de candidatos aos respectivos cargos, propor a "intervenção federal no Corpo de Bombeiros, já ! ", em detrimento ao Comando próprio duramente conquistado pelos que nos antecederam, propor a desmilitarização, afirmar peremptoriamente que mesmo com um piso salarial de R$ 4 mil reais continuaremos afrontando a mais alta autoridade do Poder Executivo, seguramente, não nos levará a um bom resultado. Muito pelo contrário, a intervenção federal irresponsavelmente proposta, a manipulação da marca "CORPO DE BOMBEIROS" para atender a interesses políticos, a desmilitarização - ameaça real a que estamos sendo levados - nos fará perder uma série de prerrogativas, somente concedidas aos militares.

Meus Comandados, Irmãos de farda,

Não podemos ser manipulados e conduzidos de forma irresponsável em nome de um interesse comum e legítimo que é a melhoria de nossas condições salariais. Proceder desta forma é indigno, leviano, inaceitável.

A hora é de verdadeiramente nos unirmos. Somos irmãos de farda e não oponentes. Somos Militares. Não somos um partido político.

O Comando Geral da Corporação é exercido por um Bombeiro Militar que reconhece, respeita e admira o papel de cada Bombeiro Militar, os quais no desempenho de suas atribuições dignificam a Instituição Bombeiro Militar.

Reafirmo o meu compromisso com as nossas causas e nossos ideais. Fui Tenente por quase dez anos, num tempo em que vagas para promoção não existiam, tempo em que fomos levados a acreditar que a eleição de Policiais Militares e Bombeiros Militares trariam a solução de nossos problemas salariais. Não trouxeram.

No campo profissional, nos reconhecemos e nos respeitamos, mutuamente, ao compartilharmos os efeitos da adrenalina e noradrenalina que aceleram os batimentos cardíacos e nos preparam para a luta ante o brado do alarme. Esta sim, a verdadeira luta, o bom combate, que nos une, nos agrega, nos torna diferenciados no meio militar, porque em nossas pelejas somos todos irmanados pela causa do bem.

A hora não é de nos dividirmos, de guerrearmos como se pertencessemos a instituições diferentes. Somos unos e indivisiveis, pertencentes a um só Corpo. O calor, a fumaça, o rigor dos mares e florestas , o desafio das alturas, o atendimento pré-hospitalar, a força dos desastres naturais, a imagem do rosto de cada uma das vítimas dos inúmeros socorros de que participamos criam entre nós um sentimento único.

Não somos aventureiros. A maioria absoluta de nós não tem ambições políticas. De minha parte, tenho orgulho de comandar o nosso Corpo de Bombeiros, entretanto, não tenho com este ou com aquele Senador ou Deputado, nenhum tipo de vínculo que privilegie benefícios individuais em detrimento do compromisso com o nossa instituição. Aceito o desafio de lutar dignamente pelos nossos ideais.

Não peço votos. Peço apenas o imprescindível apoio e confiança de todos para representar a nossa Corporação.

Creio firmemente em Deus. Vivo desta crença e da convicção de que juntos, se todos quisermos, de forma responsável e honesta, poderemos fazer grande coisas.

Vamos fazê-las!!!

CelBM Sérgio Simões Secretario de Estado da Defesa Civil e Comandante do CBMERJ.

Fé e Razão

Reynoso Silva Cidadão Bombeiro.

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